terça-feira, 12 de novembro de 2013


     A EDUCAÇÃO E OS EDUCADORES DO FUTURO
 
 
 
 
 
    O artigo“ A educação e os educadores do futuro” de Eduardo Benzatti, trás resumidamente as ideias do filósofo e pensador da complexidade Edgar Morim,baseado em seu livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”.[1] O artigo trás uma reflexão do papel do educador.

     O autor descreve que o ser humano vive inserido numa realidade extremamente complexa, onde no dia-a-dia representamos vários papeis (pai,mãe,filho,trabalhador,amigo, namorado,etc.) e que somos tudo isto simultaneamente.Isto acontece também com os fatos no dia-a-dia.

     Ao analisarmos um acontecimento, como por exemplo a violência que tem raízes culturais, sociais e até antropológicas, analisamos sob uma única ótica (segurança publica).Isto se denomina conforme o autor escreve como paradigma simplificador,redutor e reducionista. Desta forma o problema da violência não reflete o real pois só é analisado sob um ponto de vista, então como ficam os outros aspectos? Desconsideramos? Mas eles não influenciam no problema?

     O autor afirma, que para tratar de um problema complexo devemos pensar de forma complexa. Segundo o autor devemos transformar nossos saberes, revisionar práticas pedagógicas que são, segundo o autor, redutoras do conhecimento. É preciso instrumentalizar o aluno a responder questões referentes à ética, cidadania, solidariedade planetária e global do presente e do futuro.Uma educação que desenvolva a visão de mundo, segundo Paulo Freire[2]. No pensamento de Paulo Freire é necessário o pensar reflexivo, partindo de sua própria autocrítica, o aluno demonstrando capacidade de progredir, de buscar novos caminhos e de aprofundar suas posições incorporando novos parâmetros práticos e teóricos.



[1] Morim,Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro.São Paulo:Cortez,Brasília- DF UNESCO 2000.
[2] Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial,1 tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.
 
 
 
Continuando o autor descreve sete saberes “fundamentais” para a educação do futuro:
     1) As cegueiras do conhecimento:o erro e a ilusão.
     A educação do futuro deve mostrar que todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão.Considerando o passado, observamos que fomos dominados por muitos erros e ilusões (regimes políticos, métodos de alfabetização, etc.)
     O conhecimento cientifico que é um meio de detecção dos erros, mas quando possui paradigmas que não dialogam com a realidade, e não se abrem para contestação, podem também desenvolver erros e ilusões
     A educação do futuro deve trabalhar com a possibilidade de erros e construir saberes capazes da crítica e autocrítica, abertos, reflexivos. Deverá ser uma educação que prepare para o enfrentamento de incertezas e cegueiras do conhecimento.
     2) Os princípios do conhecimento pertinente.
     Pela globalização temos hoje uma imensa massa de informações que provêm de vários canais.A educação deve desenvolver em nós a habilidade de discernir os problemas-chaves, sermos capazes de promovermos a relação dialógica entre o particular e o geral.
     Hoje temos uma educação fragmentada dos saberes resumidos e compartimentados que dão uma dupla visão do mundo falsamente antagônica.
     Há saberes que estão padecendo e morrendo.O que parecia absoluto, não é mais. Assim a educação do futuro destronará esse paradigma-mestre, absolutista, pois ela ajudará a desenvolver e promover a inteligência geral, que nós permitirá resolver problemas complexos.
     É importante resgatar a racionalidade que nos permite dialogar com o real,onde se faz uso do debate, e não é apenas teoria, mas crítica e também autocrítica.
    Finalizando o autor declara que “devemos novamente estimular espíritos e mentes à aventura do conhecimento”.
    A educação deve nos tornar lúcidos e com conhecimento suficiente pra combatermos as mentiras que estão como verdades, a exemplo:
-O dinheiro é tudo?
-O consumismo nós fará feliz?
 
     3) Ensinar a condição humana
     O autor discorre sobre a condição humana e afirma que enquanto seres humanos devemos reconhecer nossa humanidade e nossa diversidade cultural. A humanidade é una e diversa, e como fazemos parte do Cosmo, somos feitos da mesma substância das estrelas e planetas, estando dessa maneira irremediavelmente ligados ao destino da Terra e do Universo, portanto a educação do futuro não pode ser esquecida, e para tanto deve- se conscientizar as novas gerações da nossa condição como cidadãos do mundo > individual, social e global, constituindo núcleos de formação sobre o estudo da complexidade humana.
 
4) Ensinar a identidade terrena
    O autor enfatiza a questão ecológica, o cuidado com o meio ambiente, pois pertencemos a essa terra que é a nossa primeira e última pátria: a Terra- Pátria, Terra- Mãe e morada de toda a humanidade. Esclarece ainda que por pertencermos à mesma espécie, possuímos características fundamentalmente humanas, conquistamos a modernidade através da tecnologia e que a Globalização pode ser unificadora, mas também pode ser conflituosa, e isso devemos evitar estando atentos, conscientizando através da educação do futuro os aspectos desejáveis para a globalização.
     Declara ainda que a tomada dessa consciência já começou, já se vê um despertar cultivando nas novas gerações um sentimento de desvelo e pertencimento à terra, porém ainda é muito fraco confirma o autor, face às forças que provoca e enfrenta. O autor refere- se aos movimentos de Ação Ecológica, Ação em defesa dos Direitos Humanos e das minorias étnicas, culturais e sexuais. Refere- se ainda às novas tecnologias declarando que o desenvolvimento técnico- científico, nas áreas de comunicação e da computação trouxe problemas mundiais tais como: vírus biológicos e virtuais, tráfego de drogas e de órgãos humanos, tráfego de mulheres e de armas para conflitos locais, sem falar da prostituição infantil, lavagem de dinheiro e emissão de gazes poluentes que destrói a proteção natural contra os raios solares nocivos aos seres humanos. Acrescenta que a falsificação de remédios, o terrorismo político e religioso, a produção de dejetos químicos e atômicos e a produção de lixo são frutos de uma economia baseada na ideologia consumista e desenfreada, destruindo nossas fontes e recursos naturais vitais para a continuidade da nossa espécie. O autor propõe que a educação do futuro ensine uma ética de compreensão planetária
 
5) Enfrentar as incertezas
     O autor fala sobre incertezas, como enfrentar as incertezas, esclarecendo que a História e por extensão a nossa Vida, não é linear, é repleta de organizações e desorganizações. O autor remete aos impérios antigos como o Império Romano, Império Otamano, Império Austro- Húngaro e o Império Soviético que nasceram e morreram inevitavelmente. Relata também que as Teorias da Relatividade e da Física Quântica reforçam a incerteza da realidade e conhecimento. Acrescenta que a educação do futuro deverá considerar o princípio da incerteza, pois estamos navegando num oceano de incertezas no qual podemos encontrar pequenas ilhas de certezas. O autor considera que a educação do futuro ensinará que toda ação é um jogo de inter – retro- ações. Fala de estratégias que analisem as condições de cada situação.
6) Ensinar a compreensão
     Em seguida, o autor fala sobre compreensão, ensinar a compreensão, que para ele é a missão espiritual da educação. Declara que a comunicação não implica compreensão, mesmo nesse momento em que o mundo mais se comunica.
     O autor coloca que é preciso estimular a compreensão intelectual ou objetiva e a intersubjetiva que envolve empatia. A educação do futuro deverá ensinar a ética da compreensão. A compreensão é uma ética nela baseada exige a existência de sociedades democráticas. A democracia deve ser um valor mundial. A educação do futuro, declara o autor, deverá assumir um compromisso total com o espírito democrático e aberto.
7) A ética do gênero humano
    A tríade indivíduo/sociedade/espécie, deve ser considerada esferas inseparáveis e co-produtora uma das outras. A ética do gênero humano (antropo-ética) implica em: assumir a consciência e a condição humana; assumir o destino humano como incerto; trabalhar para a humanização da humanidade; alcançar a unidade na diversidade planetária, respeitar o outro na sua plenitude e humanidade; e desenvolver a ética da solidariedade da compreensão e do gênero humano.
     A ética do gênero humano deve ensinar princípios democráticos da liberdade individual. Sua tarefa é regenerar a Democracia.
     A Humanidade será algo vivo nos corações e mentes dos homens e mulheres.
     O autor sugere em seu artigo que as universidades deveriam dar o dízimo epistemológico, ou seja, 10% de seus orçamentos para financiar reflexão sobre a real pertinência e valor do que ensinam e do conhecimento que propagam.
    Finalizando declara que a reforma do pensamento e do entendimento somente acontecerá quando reformarmos os nossos pensamentos o nosso entendimento sobre o real, nossas vidas e o próprio conhecimento.
     Sendo assim entendemos que é necessário que a tríade indivíduo/sociedade/espécie fique unida pela ética do gênero humano e que os sete saberes da educação é algo que todo educador deve aspirar, refletir e o quanto antes colocar em prática melhor.
   
 
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICO
 
MORIN,Edgar.Os sete saberes necessários à educação do futuro.Tradução de Catarina Eleonora F.da Silva e Jeanne Sawaya.São Paulo,Cortez;Brasília,DF:Unesco,2000.Titulo original:Les sept savoirs nécessaires à l’éducation Du futur.
 
 
 
 

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